quarta-feira, agosto 20

Diários do Médio Oriente 28

Via Dolorosa, Jerusalém

Jerusalém é uma cidade como nenhuma outra. Podemos ser cristãos, muçulmanos, judeus, agnósticos, budistas ou ateus. Não importa. A cidade respira algo de único a que não podemos ficar alheios. Um dos percursos obrigatórios é a Via Dolorosa, o caminho de Jesus Cristo fez desde o momento em que recebeu a cruz até ao seu túmulo final. O caminho está marcado com 14 estações (é mesmo esse o nome que recebem) que marcam outros tantos momentos curciais desse dia. Retiram-se deste texto os "supostamente", os "diz a lenda que" ou "há quem acredite que". Essas considerações não vêm agora ao caso. O percurso é o que é e não é coisa menor, independentemente da crença ou não-crença de cada um. E percorrê-lo é sentir que a fé dos homens e mulheres é algo de real e presente e que está além de considerações racionais.



Primeira estação: Arco Ecce Homo, o lugar onde Cristo inicou a sua caminhada.


Segunda estação: Igreja Franciscana da Condenação e Capela da Flagelação (na foto), onde Cristo tomou a cruz e foi flagelado, recebendo a coroa de espinhos.


Terceira estação: uma pequena capela polaca, construída após a Segunda Guerra Mundial marca este lugar onde Jesus terá caído pela primeira vez.

Quarta estação: uma capela mínima, quase abandonada marca o lugar onde Cristo encarou a sua mãe por entre a multidão. A imagem ao fundo da capela (na foto) retrata esse momento.


Quinta estação: os escritos à volta da porta mostram o nome de Simão, sendo este o lugar onde o Cireno terá ajudado Cristo a carregar a cruz.


Sexta estação: um pilar junto a uma porta apresenta o nome de Verónica, que neste local limpou a face de Jesus.


Sétima estação: escondida no meio de um dos maiores bazares de Jerusalém, este local marca o momento em que Cristo terá caído pela segunda vez.


Oitava estação: Jesus diz a uma mulher que chore por ela mesma e pelos seus filhos, não por ele.


Nona estação: os restos de uma coluna na Igreja Cóptica marcam o local onde Jesus caiu pela terceira vez.


Décima estação: já dentro da Igreja do Santo Sepulcro, a capela franciscana marca o local onde Cristo foi despojado das suas roupas.


Décima primeira estação: Mesmo ao lado da capela Franciscana, uma capela Grega Ortodoxa marca o local onde Jesus foi crucificado. Há gente de joelhos rezando alto, outras beijam o chão por baixo da imagem, uma mulher e um rapaz estão completamente deitados no chão e choram convulsivamente. Nunca na minha vida vi algo assim.


Décima terceira estação: o lugar onde o corpo de Jesus terá sido colocado depois de retirado da cruz e entregue a sua mãe. Dezenas de pessoas ajoelham-se junto à pedra húmida e beijam-na, tocam-lhe com as mãos, passam roupas, pousam a testa, tudo entre lágrimas e orações.


Décima quarta e última estação: pelo tecto da nave central da igreja entra a luz que marca o lugar do Santo Sepulcro.

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