segunda-feira, janeiro 28

Os baús de memórias também servem para viajar

Hoje apeteceu-me ir à Índia. Melhor, apeteceu-me estar na Índia. O bom das fotografias é isto. Vai-se ao baú das memórias e tira-se de lá uma viagem sem mais tarifas a pagar. Talvez o preço seja apenas um pouco de nostalgia, um pouco de inveja do meu eu passado. É nestas alturas que dizemos a nós mesmos "hei-de lá voltar". Pois sim, mas enquanto volta e não volta, o melhor é ir olhando para as cores, recordando rostos e cheiros. Olhar bem, decorar a fotografia, fechar os olhos e esquecer por instantes que o agora ainda é este quase abandonado quarto em Benfica. O amanhã bem podia ser esta recordação e o passado um sonho concretizado.

Varanasi

Taj Mahal, Agra

Amanhecer no Ganjes, Varanasi

sexta-feira, janeiro 11

Afinal parece que tipo ainda mexe...

Então essas viagens? E o mundo, como vai esse mundo largo imenso infinito? A resposta é simples: não vai. Quer dizer, vai. Não sou assim tão egocêntrico. Passa-se apenas que há um tempo para tudo, já lá diz a sabedoria popular urbana. E então agora vai sendo tempo de ficar em casa. Mas não sem sonhos, nem espreitadelas a horizontes fotográficos, quanto mais não seja nas revistas. Depois há as escapadinhas, o “vá para fora cá dentro” que sempre ajuda a matar o bicho, por assim dizer. Há o Alentejo. E o Alentejo é daquelas coisas: enquanto houver nada pode correr assim tão mal. Em suma, não há razão para desesperar, é aguardar que passe o Inverno e esta lengalenga toda do trabalho e da universidade e o diabo a sete. O mundo, parece-me, continua aí por descobrir.

Mas então, dizem-me, isso não é razão para não se manter um blog. Um blog não é só um apontamento de reportagem mais ou menos turístico, é antes assim uma espécie de tubo de escape moderno para as intelectualizações egocêntricas. E isso é coisa que nunca falta, mesmo que um tipo opte por ficar em casa. Tem razão quem o diz. Têm razão os meus leitores, todos os cinco (a minha avó não conta). Assim, resolvi-me dado a regressos, mais a mais com esta coisa da rentrée e tudo. Pareceu-me apropriado. Tirei o pó às teclas e voltei a escrever na blogoesfera. Podem pois virar-se para o outro lado e resmungar mais um bocadinho.