terça-feira, setembro 23

Aquele abraço

Este blog entrou em crise. A questão é bem simples. Ausente de viagens e de verdadeira disponibilidade para contar e recontar "pré-histórias", a coisa arrefeceu. Na verdade, nem era preciso escrever isto. É uma evidência que salta ao olho menos atento. Assim, há quem vá deixando de ler, enquanto outros, mais "amigos", continuam a insistir na nota, mas sempre me vão perguntando "Olha lá, aquilo do pinguim, era o quê?" Pois.
Mesmo assim, talvez nem tudo esteja perdido. Afinal de contas, estou aqui a escrever este texto, não estou? E assim, deu-me para reavivar a coisa através da imagem. Mais especificamente , a que se pode ver aí abaixo. Dei de caras com ela (a imagem) num simples dia de trabalho, mas nunca mais me saíu da cabeça. Não sei a autoria, sei apenas que fazia parte de uma campanha publicitária dos correios da Austrália. E já que estamos em crise, nada como receber um abraço das palavras.

quarta-feira, setembro 17

Filosofia de algibeira

in "Today's Cartoon by Randy Glasbergen"

segunda-feira, setembro 15

Outono

M. corre para a água. O espelho de montanhas quebra-se sobre o seu corpo, o corpo que se afunda por entre o frio. Apenas os braços empurram a escuridão adivinhada pelo sol. M. regressa à tona e contempla o silêncio que o cumprimenta com uma indiferença digna do tempo. A cidade ficou agora definitivamente para trás e M. nada como uma criança no princípio do Verão. Na margem, o automóvel envolto em chamas despede-se para sempre de uma história que termina.

quinta-feira, setembro 11

O pessimista céptico

E então parece que lhe disseram que o melhor ainda estava para vir. Tretas, pensou. O que está por vir é sempre o pior. Mesmo assim, ficou à espera. Nunca se sabe.

terça-feira, setembro 9

Poema


De la mujer tendida


Verte desnuda es recordar la Tierra,
la Tierra lisa, limpia de caballos.
La Tierra sin un junco, forma pura
cerrada al porvenir: confín de plata.

Verte desnuda es comprender el ansia
de la lluvia que busca débil talle,
o la fiebre del mar de inmenso rostro
sin encontrar la luz de su mejilla.

La sangre sonará por las alcobas
y vendrá con espadas fulgurantes,
pero tú no sabrás dónde se ocultan
el corazón de sapo o la violeta.

Tu vientre es una lucha de raíces,
tus labios son un alba sin contorno.
Bajo las rosas tibias de la cama
los muertos gimen esperando turno.

Federico García Lorca

quinta-feira, setembro 4

Depois de voltar

Os dias passam devagar, o sol brilha, a comida é excelente e nunca acaba, o mar está por todo o lado, tenho quase uma dezena de companheiros de viagem - uns conheço desde que nasci, outros conhecem-me desde que nasceram -, a língua é fácil e acessível e de um modo geral percebo tudo o que me dizem, não preciso de guias, à noite dorme-se que nem uma pedra numa cama confortável e feita de lençóis que cheiram a fresco. Pois, estou em casa. Melhor, estou no Sul. Melhor ainda, estou no Alentejo com vista para o Algarve. Aí fica o testemunho de alguns dos lugares que não me canso de visitar.

Praia da Amoreira

Praia da Arrifana

Tavira

Cacela Velha

Pego das Pias, Odemira

Cascata, Vila Nova de Milfontes

Mergulho no Rio Mira, Vila Nova de Milfontes

(Nota: todas as fotos são da autoria de Carolina Ladeira. A preguiça é tanta que já nem dá para pegar na máquina...)