terça-feira, agosto 19

Diários do Médio Oriente 25

Amã, Jordânia



Daqui falava o Artur. Não consigo evitar, é a primeira coisa que me ocorre ao chegar a Amã. A memória é demasiado presente. O ano era, salvo erro, 1991 e eu, bem como uma boa parte do resto do mundo, suspeito, ouvia pela primeira vez falar num tal de Saddam, apelido Hussein, a propósito da invasão de um pequeno país chamado Kuwait. Meses depois, as forças aliadas lideradas pelos Estados Unidos bombardeavam Baghdad. Começava a guerra do Golfo e todas as noites lá estava o nosso correspondente mais famoso dando as notícias possíveis. A rima ficou célebre e percorria os corredores da escola, as mesas dos cafés, a sala de jantar lá de casa. Creio que sobretudo o tom com que o dizia. "Directamente de Amã, Artur Albarran" era uma frase que se dizia e redizia, para terminar conversas, para dizer alguma coisa importante fosse o que fosse. Amã, na verdade, é uma cidade com poucos motivos de interesse. Mas vale a força da recordação e o sorriso que inevitavelmente provoca.

Sem comentários: