sexta-feira, agosto 31

Viagem ao Centro das Américas 42

Semuc Champey, Guatemala



Acordar bem cedo. Pequeno-almoço reforçado. Entro na camioneta sento-me começa a viagem até Semuc Champey. Estrada de alcatrão durante 50 quilómetros estrada de terra durante mais 20 até ao início do parque. Está calor sobretudo humidade e pouco depois é a subir ar húmido de selva ar de vida sempre a subir o suor que escorre pela cara pelo corpo acima da cabeça aos pés até chegarmos ao mirador onde está a vista das piscinas naturais do rio do lugar para onde vamos quase 300 metros mais abaixo. Descer 300 metros mais uma hora de caminho até que paramos e comemos algo o pequeno-almoço foi às sete da manhã. Assim que acabamos de comer guardar as máquinas fotográficas o que se viverá a seguir ficará apenas na memória e por muito tempo e é tempo de descer o rio. Por vezes caminha-se por vezes nada-se salta-se para a água azul turquesa límpida não muito quente nunca muito fria e continua até chegar ao ponto em que terminam as piscinas naturais e há que descer por uma escada de cordas por entre os rochedos e a água que corre sem parar por baixo fica uma gruta o verdadeiro Semuc Champey porque Semuc Champey quer dizer rio que corre debaixo da pedra mas da gruta já nao há saída a água corre em torrentes que metem medo a solução? a solução é entao saltar e se é saltar imagine-se um prédio de três andares sem exagero só que cá em baixo é onde as torrentes se juntam e por isso há que nadar bem forte a partir do momento de impacto com a água e se mete medo? é claro que mete medo há que não pensar portanto. Salto. A sensação de que nunca mais termina esta queda este vôo e o estômago colado na boca em dois segundos onde podia caber uma vida inteira o choque com a água é tão forte que por momentos nao sei sequer onde é a margem da margem grita o guia para que saiba para que lado nadar nadar nadar nadar e chegar à margem para subir a pulso rochas e outra vez rochedos por entre a água que nunca mais pára de correr esta água. Chegar e seguir voltar a fazer o caminho de volta e agora até às Cuevas de Las Marias grutas que se exploram mas quando lá chegamos há um baloiço que nos projecta por cima do rio uma "brincadeira" enquanto esperamos e sento-me em cima de um tronco suspenso por cordas e sinto que me puxam para trás antes de voar o corpo projectado até ficar acima das águas corpo que se desprende corpo em suspenso antes de cair com um estrondo e gritar gritar rir rir como loucos só os mais loucos se atrevem a fazer tudo isto o corpo já dói de tantas quedas e voltas. Subir depois e então até à entrada das grutas inundadas e na mão apenas uma vela por vezes é preciso nadar é claro que pouco depois se fica às escuras a vela molhada no bolso dos calções que se lixe seguem-se as vozes inundadas água e mais água sempre correndo e outra vez subir outra vez saltar saltar para uma "piscina" na escuridão saltar para o escuro e cair sem saber onde se cai. Voltar e ao sair o dia está a acabar dentro do autocarro fala-se livremente facilmente toda a gente mais viva que nunca. À minha frente está um par de amigos vindos da Catalunha, Neus e Francesc e falamos e rimos o tempo todo o caminho inteiro até chegar à noite de Cóban. Chegar. Respirar, se possível.
Para a Clara

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