Reflexão sobre o tempo e os caminhos
Nas estradas que atravessam o Atlas, vi vários homens e crianças que, à passagem de automóveis e jipes repletos de estrangeiros, mostravam pedras coloridas na esperança do sempre fértil negócio das memórias e recordações. Creio que seriam cristais vulcânicos ou algo do género, mas o que mais me fascinou foi antes a questão de saber como seria que estes homens e crianças passariam o seu tempo, como seria para eles a perspectiva da vida. É que estavam todos, ou quase todos, sozinhos, meio abandonados nas estradas que serpenteiam vales e montanhas. Sozinhos, sentados nas bermas à sombra de alguma árvore ou pedra, e levantando-se e esticando-se sobre o alcatrão a cada passagem de uma qualquer viatura. Que caminho teriam percorrido até ali? Que pensamentos lhes haviam de ocorrer na passagem das horas? E as horas, chegariam lentas, vagarosas como o movimento da natureza, ou antes indiferentes como os turistas que passam de automóvel e jipe e olham para os cristais em vez de contemplarem os rostos daqueles que os vendem?
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