domingo, setembro 24

Paz

A paz. Aqui mesmo, ao alcance dos dedos, dos braços, do corpo inteiro, do ser que se entrega. A paz. Nesse lugar tantas vezes assustador, tantas e tantas vezes medonho, de onde tantas vezes se foge às cegas, sempre com o temor da verdade. O silêncio, a ausências das palavras, da música, do vento, de todo o ruído do mundo. A paz. Neste lugar, aqui mesmo, neste tempo, o agora que a cada momento se esgota e renova. O medo que se conhece de perto, as fraquezas que se reconhecem, a calma e a coragem perante a evidência de se estar, de apenas ser. Ser e estar somente, ainda que não só, na companhia do universo. Olhar à volta e sentir que tudo é, que tudo simplesmente está. Sentir que nada me derruba perante o magnânimo reconhecimento do que sou. A aceitação completa e real de mim mesmo. Fechar os olhos e sentir o gosto ao meu próprio coração, tocar ao de leve no sangue que me escorre por dentro, fechar os olhos e ver que se fecham os olhos por entre a escuridão. A cada fôlego sentir o sossego e sorrir, rir bem alto com esta paz que se constrói por dentro.

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