quarta-feira, maio 16

Diários do Deserto 28

Rabat, memórias, tradições e curiosidades

Rabat lembra-me qualquer coisa de Lisboa antiga. Não a Lisboa antiga de séculos e bairros históricos, mas a da minha infância. Mais do que propriamente as geometrias e as formas, são os cafés e as estações de autocarros que me apelam ao instinto da memória. Rabat é a cidade marroquina de maior influência francesa. É como se a Lisboa que me viu criança ficasse a meio caminho entre esta África do Norte e o centro da Europa.

As mulheres de Rabat. Vejo-as sozinhas, sentadas nos cafés, de cabeça destapada, bebericando sumos de laranja e o seu “café noir”. Não que todas as mulheres o façam. Por todo o lado, o islamismo segue a sua tradição, mas o certo é que vejo as mulheres aqui com uma postura e uma atitude que ainda não havia visto desde que cheguei a Marrocos. Pergunto-me porém até onde irá esta “liberalização”. Se a uma afirmação livre, se a uma insatisfação de se encontrar a metade do percurso entre o “ocidentalismo” e esta milenar cultura de tradições e costumes nem sempre favoráveis a quem se vê nascido no sexo feminino. Nas viagens, procuro ao máximo não fazer julgamentos perante o choque cultural e social com que por vezes me deparo. Todavia, desta vez não posso deixar de sorrir perante esta afirmação tão urgente.

Facto curioso observado: os homens cumprimentam-se entre si com um aperto de mão caloroso (muitas vezes com as duas mãos) e quatro – quatro! – beijos na face. Quando cumprimentam as mulheres, os homens limitam-se a um simples e curto aperto de mão.

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