O furacão aproxima-se. Desta vez chama-se Felix e está já prestes a atingir a costa da Nicarágua no dia em que chego a San Pedro Sula. Por todo o lado, ecrãs de televisão mostram o mapa de satélite. Na rota do furacão está a costa das Honduras, o que significa que San Pedro Sula, a menos de 80 quilómetros do oceano, será também atingida. Fico colado à TV do restaurante. Representantes disto e daquilo, especialistas, membros do Governo, todos de ar grave e sério, o estado de alerta declarado.
Na manhã seguinte, saio para a rua e procuro um café e um jornal. Mais de metade das páginas são dedicadas à ameaça eminente. O Felix move-se a 30 quilómetros por hora, as contas são fáceis de fazer, mas um mapa desenhado na segunda página do jornal traça o rumo dos ventos e chuvas. O furacão atingirá San Pedro Sula na quarta-feira. Um pouco mais à frente, a conferência de imprensa do responsável hondurenho por protecção civil e a notícia que procurava. Hoje serão encerrados todos os aeroportos junto à costa, incluindo o de San Pedro Sula. Hoje? A que horas? Faço contas outra vez. Se o furacão atingirá a cidade na quarta-feira, é possível que encerrem o aeroporto apenas ao final do dia, mais a mais porque – ao contrário do que seria de prever – está um dia fantástico, o sol brilha e nem um traço de vento.
Apanho um táxi para o aeroporto. Comigo vai Rolando, um viajante vindo do Hawai e cujo voo é apenas amanhã. Vai mais cedo a ver se consegue mudar a sua partida para hoje. Chegamos ao aeroporto. Tudo a funcionar normalmente. No balcão de check-in nem vestígios de qualquer alteração à normalidade. Pago as taxas, passo a segurança, espero e embarco. Na minha cabeça, mais que um furacão, está um turbilhão de memórias e emoções. A Viagem ao Centro das Américas está quase no fim. Pela janela do avião vejo as palmeiras, o verde claro da luz brilhante do sol, as montanhas, o azul, as nuvens, o ar, o espaço.
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