Consideraçao acerca da natureza de ser americano
"Americans are stupid!" diz-me a Sheri a meio da noite, a meio da conversa, a meio de mais uma cerveja El Presidente. Encolho-me. A frase nao me choca mas tem em mim o impacto de nao saber o que dizer. Pergunto entao porque, qual a razao de tal frase. A resposta é mais ou menos óbvia: Bush e o Iraque. A explicaçao vem a seguir. Descontando estados como Nova Iorque, California, Illinois ou mesmo a Florida, o mais que se encontra pelo resto do país é gente fechada e conservadora, os tais que elegem Bush, os tais que fazem da religiao um fundamentalismo, os tais que agitam as bandeiras da moralidade e dos bons costumes como se fosse a lei última e final da acçao humana. Pois bem, concordo. Nao partilho tais opinioes, sou pela liberdade essencial do indivíduo e, já agora, também jamais votaria em Bush. Está certo, mas entao porque esta animosidade contra os americanos, uma alergia que começa nos próprios Estados Unidos e se espalha pelo resto do mundo, inclusive a Europa de onde venho? A resposta é mais abrangente do que parece. "Nao é justo," digo a Sheri. Essas pessoas podem ser simples, ou conservadoras, ou retrógadas ou, pronto, estúpidas, mas o que as torna um alvo de ódios e escárnios é o facto de terem com elas o poder de eleger o homem mais poderoso do planeta. Pode até ser que as gentes da Bulgária sejam igualmente estúpidas, mas ninguém se importa com essa estupidez. As pessoas nao andam por aí a odiar os búlgaros por serem estúpidos. O ponto está em que tanto americanos como búlgaros exercem o mesmo direito: mal ou bem, eleger o seu líder. Conclusao; nao é justo odiar mais os americanos por algo que, de facto, nao podem escolher, ou seja, o facto de serem a naçao mais poderosa do planeta. Em suma, sim, os americanos podem ser uns idiotas por elegerem Bush mas a razao que os torna mais insuportáveis é o tamanho da sua decisao, nao o tamanho da sua estupidez.
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