quarta-feira, fevereiro 17

O ruído

17.02.2010
 
Pronto, está bem. O homem anda metido em negociatas. Ou então não anda. Ou então são os homens à volta do homem que andam metidos em negociatas. Ou então é tudo uma campanha de difamação. Ou se calhar não, é tudo um ataque à liberdade de expressão. 
Seja o que for, entretanto, um orçamento foi aprovado e um plano de intervenção elaborado. E já se ouve falar que os salários congelam ou, o que é pior, baixam. Parece que a carga fiscal também aumenta. E o desemprego a bater nos 10%. A crise, essa, não passa mesmo que afinal a Grécia esteja pior e a nossa economia se vá aguentando. Mais, o cinto é para continuar a apertar, não nos livramos do garrote antes de 2012.
Paulo Tunhas refere hoje no jornal i, e passo a citar, que "o que precisaríamos de saber, e nos interessa verdadeiramente, é a que ponto vamos viver pior. E esta pergunta desdobra-se em várias outras, mais detalhadas. Vamos ou não ter um aumento ainda mais significativo do desemprego? Chegará ele a proporções letais? Vamos ou não ter redução de salários? Vamos ou não ter de abdicar do décimo terceiro mês?"
Não poderia estar mais de acordo. Perguntas como estas é que são verdadeiramente perturbadoras. O caso pode ser mesmo grave e convém que a malta seja avisada e comece a pensar no assunto, a estar com atenção, a, quem sabe, até, unir esforços e levantar a cara para a luta.
Mas não. O assunto do momento é o que fazem os gestores e os administradores e os governantes uns com os outros. Quem disse o quê e se era verdade ou se era mentira. A coisa até já vai em comissão parlamentar onde se confundem vítimas e agressores para dizerem outras vez as coisas que já tinham dito. Está bem, percebo a gravidade. A liberdade de expressão é a liberdade de expressão. Mas eu cá continuo a poder escrever o que me apetece. Não sei é se no fim deste ano o meu salário continua igual. E francamente, isso é que me preocupa. Logo, e fazendo bom uso da tal afamada liberdade de expressão, parem se faz favor com a merda do ruído e discutam o que vai doer no pêlo dos portugueses.

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