sábado, abril 4

Ilha do Pessegueiro


Se pudesse, era aqui que passaria todos os meus fins de tarde. Viria pela estrada que se derrama sobre o mar e ficaria a ver a ilha saboreando o sal do vento. Se pudesse, jamais viveria aqui. Não quero morar num lugar onde só gosto de chegar, o caminho aberto parece que termina no céu antes de se abrir ao horizonte largo que se abre como um drama de cinema.
(gosto de imaginar a música. Um descapotável cinzento e a meu lado um lenço enrolado à volta da cabeça, a Grace Kelly dos meus sonhos.)
Se pudesse, estaria sempre a chegar, sem nunca ficar, sem nunca partir. Apenas a exaltação desse instante em que os campos são verdes e se transformam no líquido do azul. E a ilha. A fortaleza erguida à beira do mar que guarda a terra que todos os dias me viu renascer.
(quando venho embora, nunca olho para trás. A ilha é só para ver de frente, ao fim da tarde, sentindo o cheiro da casa à beira do mar.)

Foto: Neus Sabater

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