Ainda na terra de ninguém, o espaço que separa os dois países, paro para esta fotografia. A máquina está dentro da mochila, por isso tenho de a pousar no chão e abri-la. Imediatamente, dois guardas gritam-me como se perguntassem o que estou a fazer, como se fosse tirar uma metralhadora ou um bomba. Como estou prestes a perceber, existe uma verdadeira obsessão com a segurança neste país.
Mais à frente, está o primeiro posto de segurança. Mochila para o raio-x, tudo fora dos bolsos, perguntas, mochila aberta, tudo para fora, mais perguntas. Continuo para o controlo de passaporte.
Entrego o passaporte e então começam os problemas. Para além do visto da Jordânia, há mais dois que levantam suspeitas. Marrocos e, o pior de todos, Síria. Mais perguntas. Conheço alguém na Síria, o que estive lá a fazer, quanto tempo lá estive, conheço alguém em Israel, como se chama o meu pai, como se chama o meu avô. Estou nisto quando se aproxima outro segurança que me chama de parte. Educadamente, diz-me que o meu passaporte vai ser verificado, que tenho de aguardar. Apercebo-me que outros turistas estão a passar sem grandes problemas. Pergunto o que se passa. Óbvio, não me podem dizer, mas sempre me adiantam que isto vai demorar. Levam-me para uma sala onde posso estar mais "confortável", um pré-fabricado de janelas opacas, 4 ou cinco cadeiras e uma mesa, ar condicionado. Sala de interrogatório é o que me ocorre. Fico ali não sei quanto mais tempo. Entra outra agente e mais perguntas. Diga-me todos os países onde esteve nos últimos dez anos, porque não tenho reserva em nenhum hotel, qual o meu itinerário em Israel, estou a pensar visitar zonas árabes ou palestinianas. Sai. Passa mais uma hora até que finalmente mesma agente regressa com o meu passaporte. Pergunta-me se quero que carimbe um papel que tenho de preencher ou o passaporte. É que, diz-me, como parece que viajo tanto o melhor é não carimbar o passaporte, dado que a partir desse momento existem pelo menos 10 países onde não poderei entrar. Papel carimbado, sigo viagem. Tanta coisa por um bocado de terra...
Apanho o autocarro em Eilat, o que proporciona a rara experiência de atravessar o deserto do Negev ao entardecer.
Mais perto de Jerusalém, o Mar Morto faz a sua aparição mesmo à beira da estrada. Posso nunca ter estado no Evereste, mas acabo de passar pelo ponto mais baixo do planeta, e sem o auxílio de oxigénio. A chegada à cidade santa acontece já a noite caiu.
1 comentário:
Só agora é que vi que tinhas ido a Jerusalém...Tens muito que contar.
Que maravilha !!!
Beijinho grande
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