quinta-feira, fevereiro 11

Estado de espírito

11.02.2010



Ele há semanas assim, em que parece que nada passa. Os jornais ficam nas bancas, esquecidos, a debitarem manchetes nas quais mal reparo. A televisão muda, quieta, por vezes apenas um flash momentâneo entre uma refeição e outra. Sei que o país continua em bolandas, a braços com orçamentos discutidos horas a fio enquanto a confiança diminui atacada pelos virus das escutas e da imprensa sensacionalista. Sei porque não sou cego nem surdo, porque é sempre impossível escapar incólume à gritaria da informação.
(até os semáforos servem para nos informar, meia dúzia de folhas passadas de esgueira pela janela do automóvel e já agora uma ajudinha para a senhora que vende pensos. Na capa está Portugal inundado de publicidade)
É que ele há semanas em que apetece mais fechar os olhos e dormir. Passar o tempo na modorra do sol de Inverno que já vai aparecendo, a fazer lembrar que afinal já não falta assim tanto para a Primavera. Ou então, abrir os olhos, mas colá-los nas páginas de um bom livro e não mais os tirar de lá. Ou sentar no escuro do cinema enquanto cérebro descansa na sequência da narrativa em movimento. Comer imaginação, sem dar demasiada atenção ao que se passa e mais atenção ao que não passa, as coisas da vida que mesmo passando não ficam esquecidas na manchete de um jornal ou nas palavras de um qualquer repórter no telejornal da noite.

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