O cabelo agarra-se-lhe ao pescoço no suor da espera. Nada tem senão a companhia dos objectos. A mala verde grande pousada como um corpo inerte, enrugada pelo peso que a traz ao chão. Sobre o tampo da mesa, o caderno de notas preto é antes uma tábua de palavras feitas de silêncios. O silêncio do telefone que ela ergue e volta a pousar num ápice de esperança.
(quem espera desespera, dizia o outro. e este idiota que não me diz nada. quem me dera ser o tempo e poder correr, ser eu no meu corpo a dona do tempo e fazer dele um movimento repentino.)
Nada. Estica as pernas por baixo da mesa e as pontas dos dedos lembram bailarinas em exercícios de equilíbrio. As pontas dos dedos que se agitam na desesperança da espera que não encontra o fim ao tempo. E nada. Suspira uma e outra vez, os dedos pousados nos lábios que procuram o dia em que alguém os beije.
(beijou-me uma vez e jurou-me que agora nunca mais. nunca mais a ausência e a incerteza de não ver repetido o beijo. este idiota que não me telefona, que não se lembra que estou aqui ao fim do mundo, à espera de o ver chegar.)
Suspira e então, no assopro dos pulmões, vem-lhe outra vez a vontade de ser mulher. Chega a mão à mala e arranca-a do chão. A cadeira bate com um sopro. O telefone fechado no silêncio, adivinhando o grito que o há-de trazer de volta a casa.
(não espero mais, não espero mais. onde está a vida? sou o tempo, não espero mais. corro na vontade que é minha. quero lá saber do silêncio. o tempo sou eu.)
Hesita. Detém-se um instante, a ver o que a pudesse ter esquecido, a ver se esqueceu o que nunca mais pode lembrar. Nada. A porta abre-se com um estrondo. É o tempo.
(quem espera desespera, dizia o outro. e este idiota que não me diz nada. quem me dera ser o tempo e poder correr, ser eu no meu corpo a dona do tempo e fazer dele um movimento repentino.)
Nada. Estica as pernas por baixo da mesa e as pontas dos dedos lembram bailarinas em exercícios de equilíbrio. As pontas dos dedos que se agitam na desesperança da espera que não encontra o fim ao tempo. E nada. Suspira uma e outra vez, os dedos pousados nos lábios que procuram o dia em que alguém os beije.
(beijou-me uma vez e jurou-me que agora nunca mais. nunca mais a ausência e a incerteza de não ver repetido o beijo. este idiota que não me telefona, que não se lembra que estou aqui ao fim do mundo, à espera de o ver chegar.)
Suspira e então, no assopro dos pulmões, vem-lhe outra vez a vontade de ser mulher. Chega a mão à mala e arranca-a do chão. A cadeira bate com um sopro. O telefone fechado no silêncio, adivinhando o grito que o há-de trazer de volta a casa.
(não espero mais, não espero mais. onde está a vida? sou o tempo, não espero mais. corro na vontade que é minha. quero lá saber do silêncio. o tempo sou eu.)
Hesita. Detém-se um instante, a ver o que a pudesse ter esquecido, a ver se esqueceu o que nunca mais pode lembrar. Nada. A porta abre-se com um estrondo. É o tempo.
Sem comentários:
Enviar um comentário