O animal que voou para a estratosfera trazia consigo a recordação de um outro mundo. O planeta, esse, deixara de existir com a implosão das temperaturas e da terra aniquilada. O animal, vejam lá a sorte do bicho, calhou nesse instante de fim a procurar o seu pasto na mais alta montanha das redondezas. Procurava então como agora o fruto muito apetecido da burgonvínia, uma espécie de batata que cheirava aos gritos que a própria, a burgonvínia, dava quando se lhe arrancava a raiz. Sucedendo-se o caso do animal a buscar numa qualquer cova, o grito da burgonvínia espalhava-se no ar com o cheiro do medo, uma espécie de bafo acre que empestava até a nuvem mais distante. A terra, essa, já aqui o disse, explodiu. Ao animal, calhou-lhe bem o impulso, indo aterrar nessoutro planeta, a cabeça em tontura e a burgonvínia nos dentes, agora cheirando mais a espanto que propriamente a gritos. O animal despertou então da estranheza de ser animal e a burgonvínia conheceu o seu derradeiro fim.
terça-feira, junho 19
Burgonvínia
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