A cidade é uma das maiores contradições da humanidade. Juntam-se milhares, às vezes milhões, de pessoas num mesmo espaço e aumenta-se o isolamento. Isto é, quantos mais somos, menos nos vemos uns aos outros. Escapam as gentes com vida de bairro e as que vivem em cidades com verdadeiro espírito cosmopolita, mas mesmo estas últimas sofrem as agruras de mal terem tempo de se verem a si próprias, quanto mais aos outros.
Pensando na cidade onde vivo, esta Lisboa das sete colinas, uma análise ainda que superficial chega rapidamente à conclusão que nem vida de bairro, nem espírito cosmopolita. Há excepções, claro que há excepções – até porque há bairros e vida a condizer com eles –, mas a grande maioria dos mortais lisboetas vive no limiar entre o sms e o e-mail. É que, não havendo tempo, não há pessoas e quem as encontre. Assim sendo, trata-se de tudo por mensagem ou correio electrónico. Só para descobrirmos, na maior parte das vezes, que “esta 2ª não dá” ou que “na próxima 4ª já tenho não sei o quê combinado”. Resultado: amigos que vivem na mesma cidade e que conseguem estar três meses sem se falarem, sem se verem, sem sequer terem notícias um do outro. Mas claro que não há desculpas para os afastamentos. Afinal, se se sentir só, a solução é fácil: mande um sms ou escreva um e-mail. Ou então saia de casa e espere que o acaso trate do resto. É mais fácil encontrar uma cara familiar no meio de três milhões de pessoas do que numa casa onde só viva uma.
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