sábado, março 31

Diários do Deserto 1

Introdução à quimera


Por enquanto o deserto é ainda uma miragem. Um projecto, um ideal, um sonho, uma partida ainda por chegar. Faltam 30 horas, 20, 10 horas, falta o tempo que o coração há-de percorrer em sobressalto e a cabeça de um lado para o outro, às voltas ambos com o que não sabem mas gostavam de adivinhar. Há os preparativos e a mochila por carregar, os jantares de despedida e os telefonemas de última hora, as compras, as leituras e as planificações, os caminhos calcorreados em forma de palavra. O que é preciso fazer. E o deserto. O Sahara. Destino nada longínquo, aqui mesmo à mão de semear do homem que sonha. Proponho-me não morrer de sede, falar com estranhos sempre e onde for possível, olhar bem, mas muito mesmo, à volta, cerrar as pálpebras e quem sabe sentir o vento se vento houver. Proponho-me descobrir e ver de que é feita essa areia seca sobre a qual tanta água um dia se desmoronou, contar como foi e como é, subir a uma duna e gritar, descer aos rebolões como se fosse criança. Parar em silêncio, ser. Proponho, prometo, sonho. Mas por ora apenas adormeço, embalado pelo deserto, vaga fotografia da imaginação.

quinta-feira, março 29

segunda-feira, março 26

Pausa

Faço uma pausa na literariedade e abro o jornal. Salazar venceu o concurso Grandes Portugueses. Cunhal ficou em segundo. Eu, por mim, deixei de ter televisão há mais de seis meses.